segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Domingo especial

Domingo fizemos uma expedição para o outro lado da ponte.


Estamos hospedados no centro da Cidade de Tete. Quando atravessamos a ponte, chegamos a outros bairros e no distrito de Moatize, que é onde o Paulo trabalha.

Da varanda do meu quarto e pela janela do carro sempre víamos pessoas com hábitos bem diferentes das que estão no centro da cidade. Por isso, resolvemos explorar a pé essa região.
E a diferença é enorme. Lá os pequenos comércios, ou melhor, banquinhas (como os nossos camelôs) estão espalhadas por toda a rodovia. A minoria das pessoas fala português. E como o português aqui é aprendido na escola, em casa falam o nhungue, podemos deduzir que a maioria nunca entrou em uma sala de aula.


Uma pena, porque são pessoas super interessantes, curiosas e criativas.

Eramos aliens no meio de toda aquela gente. Mesmo com muitos estrangeiros na cidade, são poucos os que querem interagir com a população ou que vão conhecer a pé algum bairro pobre ou comunidade. Então, houve um estranhamento grande com nossa presença.
Encontramos homens se refrescando e tomando banho em uma parte do rio Zambeze e mulheres e crianças lavando roupas e se divertindo na outra parte. A cada hora chegava mais mulheres carregando bacias enormes no alto de suas cabeças.



As crianças viam a máquina fotográfica e ficavam loucas. Pediam para tirarmos fotos delas. E apenas pelo prazer de fazerem as poses... Era uma festa! Quando começamos a mostrar as imagens delas no visor, ai enlouqueciam de vez. Queriam mais e mais...


Mas não foi assim com todas. Algumas estavam brincando com carrinhos construídos por elas mesmas. De repente, o Paulo aponta a máquina fotográfica dele para elas. E foi como se estivessem vendo um fantasma. Sumiram no mapa. Não entendemos nada... Acreditamos elas devem ter alguma crença ruim com relação a fotografia...

Devido ao problema da linguagem, não conseguimos interagir muito. Mas o povo é muito simpático e em sua maioria, feliz! Deu pra entendermos também um pouco mais dos costumes locais como por exemplo: homem anda de mão dadas com outro homem e nunca com uma mulher; as crianças, desde pequenas, aprendem a carregar seus irmãos nas capulanas; quem faz trabalho pesado é a mulher e nunca o homem...


Quando cruzamos novamente a ponte, decidimos conhecer um restaurante que algumas pessoas nos tinham recomendado, o Pemba. Um lugar super agradável. Na margem do Zambeze. Adoramos o local! Comemos chamussas de entrada e como prato principal optamos por experimentar a especialidade da casa: leitão. Foi a primeira vez que encontramos carne de porco em um restaurante. Como boa parte da população é mulçumana e a maioria dos comerciantes também fica difícil achar esse tipo de carne por aqui.
O leitão estava médio. Mas o domingo foi maravilhoso...



domingo, 30 de agosto de 2009

Caldeirada de cabrito

Finalmente comemos o cabrito!!! Muito bom!!!
É difícil explicar o gosto... Tem um sabor muito específico. De cabrito mesmo, rsrrsrsrs....

Quem tiver a oportunidade, vale a pena experimentar.

O prato não é bonito, mas é delicioso!!!


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Drica

Para quem conheceu e ainda não sabe: a drica (cocker) morreu e será cremada hoje!

O estômago dela virou. Ela teve que ser submetida a uma cirurgia e não aguentou...

Estava com 11/12 anos. Cega, com artrite, problemas cardiacos e tudo mais que vem com a velhice... Mas, continuava fominha como sempre foi; latindo quando gritávamos goooollllll,;nos esperando na porta quando chegávamos, pra ganhar um carinho; subindo as escadas para nos acompanhar, mesmo tendo dificuldades em cada degrau; batendo a pata na vasilha pra pedir mais comida...

Ela foi feliz, muito feliz!



Falta d'água

Sabe aqueles conselhos sobre economizar água, que no Brasil muitos já veem como clichês (e não levam a sério)? Tipo: fechar a torneira quando estiver escovando os dentes, tomar banhos rápidos, etc?

Pois então, aqui eles devem ser seguidos a risca. A água acaba mesmo! Quase toda noite a distribuição pública de água é cortada. Pra todo mundo! Se sua caixa estiver vazia nesse horário, já viu, né? No dia seguinte não tem nem pro banho...

Como estamos em hotel, passamos por isso poucas vezes. Na primeira, a revolta foi geral. Estava muito quente. As pessoas acordaram suadas. Loucas por uma chuveirada. E cadê?!! Nem uma gota saía da torneira. A galera foi tomar café xingando até a última geração do dono do hotel, que coitado, não tinha culpa. Muitas pessoas pegaram litros e litros de água mineral no restaurante para tomar um banho de gato.

A última foi ontem. Na quarta a noite a luz acabou na cidade. Pra nossa sorte, temos gerador e nem percebemos o que estava acontecendo. Só que nos bastidores... A bomba de água do hotel pifou com o pique de energia. Resultado: ontem, quem acordou cedo tomou banho. Quem ficou na vida boa, como eu, não conseguiu nem escovar os dentes.

E esse problema só será resolvido em dois dias (tudo aqui é "muito rápido"). A caixa d'água, por enquanto, está sendo abastecida por um pipa. Mas, se ela secar, secou. Só no dia seguinte.

Enquanto isso, é guerra de titãs. Acordar mais cedo, chegar do trabalho e correr pro banho antes que todos tenham a mesma idéia. E o principal: economizar, né?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Feriado frustrado?

Quando um feriado cai na segunda ou na sexta, os moçambicanos dizem que teremos um final de semana longo.

E dia 7 de setembro será um.

Nossos planos eram: sair de Tete na sexta, pernoitar em Maputo e no dia seguinte, bem cedo, atravessar a fronteira da Africa do Sul rumo ao Krugger Park para nosso primeiro safari. Ficaríamos hospedados fora do parque, já que as acomodações são infinitamente melhores. Dessa forma, conseguiríamos fazer um safari noturno no sábado e um diurno no domingo. Na segunda voltaríamos para Tete no final do dia.

But, estamos solicitando o visto para a Austrália. O que isso quer dizer? Nossos passaportes estarão na embaixada... Resultado: acho que perdi dias programando a viagem a toa...

Se tivermos mesmo que ficar por aqui, teremos que pensar em ir para algum lugar sem fronteiras e com acesso by car (só isso já vai ser uma aventura. As estrada e motoristas daqui são surreais).

Uma das alternativas seria visitar Chimoio, uma cidade na província de Manica, bem próxima ao Zimbabwe. Ainda desconheço os atrativos turísticos de lá, se é que existem... Mas descobri que, andando mais uma hora de carro, chegaremos ao Parque Nacional da Gorongosa. Parece que esse parque, na época da guerra, foi muito massacrado. A caça indiscriminada de mamiferos levou à extinção de muitos. E a paisagem também foi afetada pelo desmatamento e ocupação humana. Atualmente, o Governo Moçambicano e algumas ONGs internacionais estão investindo no lugar. A intenção é reintroduzir vários animais, recuperar a flora e conseguir desenvolver atividades sustentáveis para as comunidades que moram no entorno do parque. Lá, eles fazem safaris fotográficos para ajudar a arrecadar fundos para todos esses projetos. Não deve ser o melhor safari do mundo, mas pelo menos é direcionado a uma boa causa...

Enfim, acho que se os passaportes não voltarem em uma semana, Gorongosa será uma boa e talvez, única opção, para o final de semana longo...


Distancias de Tete a Chimoio e de Chimoio ao Parque

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Enquanto isso, em Tete...

Pra vocês terem certeza de que não é exagero quando falo dos bichos por aqui, segue matéria publicada no jornal "O País", ontem:

Animais bravios matam 30 pessoas em Tete

Um total de 30 pessoas perderam a vida e outras 24 contraíram ferimentos,
entre graves e ligeiros, durante o primeiro semestre do presente ano, no distrito de Mágoè, província de Tete, Centro de Moçambique, em consequência de ataques de animais bravios.


Adelso Cassamo, Director distrital das Actividades Económicas em Mágoè, disse que durante o mesmo período, este tipo de animais destruiu 30 residências, 18 embarcações (canoas) e mais de 80 redes de pesca artesanal.“A maioria das pessoas foi morta por ataques de elefantes, crocodilos e hienas nas zonas de Mussenguedzi, Bawa e Daqui”, disse Cassamo.

Além destes estragos, os animais bravios devoraram doze bovinos e 36 caprinos, e destruíram mais de 56 hectares de culturas diversas.

Para minimizar os efeitos dos ataques dos animais bravios, as autoridades locais estão a levar a cabo diversas actividades com destaque para o afugentamento e abate de animais considerados problemático.

Uma actividade desenvolvida nesse âmbito é o Programa “Tchuma Tchato” destinado a preservação e gestão dos recursos naturais e faunísticos. Contudo, este programa funciona com muitas dificuldades devido à exiguidade de recursos materiais e financeiros.

A procura de água por parte dos animais tem estado na origem dos conflitos. A maioria da população faz as suas machambas ao longo das zonas baixas da albufeira de Cahora-Bassa.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mais alguns nomes

Nova descoberta de nomes próprios por aqui:

- Cinquenta
- Faz Tudo (já achei dois)
- Alface (tem vários)
- Castigo de Deus

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Aproveitando: acabei de ler "A Pequena Ilha", de Andrea Levy. Muito bom mesmo. Fica ai a dica para uma boa leitura.

Gosto da terrinha...

Esse findi não rolou a caldeirada de cabrito... Tínhamos que ter encomendado... Então, ficamos só na vontade de comer o famoso bichinho.

Pessoas de várias províncias veem a Tete comprar cabrito. É o animal “doméstico” mais popular por aqui. Todo mundo tem um. Ou melhor, vários. Quando o mercado não está inflacionado, você pode comprar um cabrito por 200 ou 300 meticais (moeda local – 1 dolar = 27 meticais). É muito barato! Me contaram que para escolher um bicho desses, você deve pedir ao vendedor para colocá-lo de pé. Raramente, ele vai querer fazer isso. É comum o comerciante deixá-lo deitado sobre o pé ou algum outro objeto. Assim, a barriga dele aumenta e você acredita que está comprando um animal maior e mais gordo do que ele realmente é.

Bom, não conseguimos saborear o cabritinho, mas em compensação fizemos uma descoberta incrível no domingo. Um achado e tanto! Um restaurante brasileiro!!! O dono se chama Vitor. Não conseguimos conhecê-lo, já que o comentário no local era que ele estava de ressaca em casa... Mas a comida... Ah!!! Perfeita! Comemos um arrozinho branco e um feijão com gostinho de comida caseira.

Que saudade que deu da terrinha...

sábado, 22 de agosto de 2009

Desvendar Tete

O programinha desse findi é caldeirada de cabrito, muitas laurentinas e caminhar por essa cidade de poucas ruas para tirar muitas fotos!!!



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Será herança lusitana?

Hoje aconteceu uma situação muito caricata.

Todos os dias, o pessoal do hotel bate na minha porta por volta das 7h30 da manhã pra perguntar se tem roupa para lavar. No início eu até atendia. Mas depois, comecei a pensar: por que eles não levam as roupas quando vierem arrumar o quarto? A partir de então, não atendo mais as batidas das 7h30.

Hoje, no entanto, o toc-toc era insistente. Não parava. E ficava cada vez mais alto. Resmunguei e fui atender.

Eu: Pois não?
Ele: Me mandaram resolver um problema na casa de banho (é o banheiro).
Eu: Não tem necessidade. Aqui não tem problema nenhum.
Ele: Mas me mandaram aqui.
Eu: Senhor, eu não reclamei de nada e aqui neste quarto não tem NENHUM problema.
Ele: O problema não é no QUARTO, senhora. É na CASA DE BANHO, percebe?

Tive que rir!!!

Doença misteriosa

Essa semana foi confirmado em Moçambique o primeiro caso da Gripe A H1N1.

Fico pensando em quantos moçambicanos irão morrer ou já morreram dessa gripe sem nem saber o que tiveram...

Em Tete, desde o dia em que cheguei, ouvi falar de uma tal doença misteriosa que estava se alastrando no distrito de Tsangano, que fica a uns 200km de onde estou. A epidemia já tinha começado em maio e até hoje ninguém sabe do que se trata... Tem condição?

Parece que a doença afeta o sistema nervoso central e os sintomas iniciais são semelhantes aos da malária. No estágio mais avançado, o doente começa a sentir dores abdominais e perde a voz. O fim, muitas vezes, é a morte. E foi o que já aconteceu a mais de 20 pessoas - outras 142 estão contaminadas.

Nenhum médico conseguiu ainda diagnósticar o que está acontecendo. Algumas pessoas já me disseram que a medicina, no interior, tem que ser praticada com base nos cinco sentidos... Não existem equipamentos para auxiliar.

Existe uma suspeita de que essa doença tenha relação com o saneamento básico, inexistente na maioria das cidades da província de Tete (não muito diferente do Brasil, né?!!).

Estou torcendo para que todo esse mistério seja esclarecido e não chegue por aqui...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Causos animais

Essa semana fomos a Maputo. Ah, Maputo!!

Como a gente passa a dar valor a coisas que antes eram comuns ou pequenas demais para nos importar ou então nos irritavam... Lá tenho prazer ao usar a internet, que não cai; em fazer supermercado, e são vários; passear pelo shopping; comer uma boa pizza; ver o mar; prédios... Enfim, essas coisinhas, que antes eram paisagem na minha vida, hoje adquiriam um tamanho...

No retorno a Tete, um moçambicano me buscou no aeroporto e viemos conversando sobre o calor que nos espera ainda este mês e em como as pessoas buscam se refrescar. Segundo ele, os crocodilos já estão fazendo a festa com as pessoas que insistem em pular no Zambeze nos dias quentes. Vários locais acreditam que fazendo um ritual eles estarão protegidos da fúria e fome desses animais. E entram tranquilamente no rio. Mesmo quando alguém é almoçado por um crocodilo na frente de uma multidão, não passam 10 minutos para um corajoso ir se aventurar no mesmo local.

Eles também possuem uma crença de que o crocodilo é enviado por uma entidade, não cheguei a entender qual. Dessa forma, em um grupo de pessoas, ele só vai comer o indivíduo que estava marcado pelo ser espiritual... Como ninguém acha que está devendo nada pro além, então não tem perigo entrar na água, não é?

Outro dia uma empresa conseguiu uma licença para caçar 500 crocodilos. O boato que corre por ai é que, depois disso, a caça do crocodilo ao homem aumentou. É a vingança animal. Melhor não duvidar...

Essa mesma pessoa me contou que os hipopótamos também são um problema para as pessoas que estão às margens do Zambeze. Elas são como os ribeirinhos no Brasil. Construíram suas casas bem próximas ao rio. Não sei se tem ciência nisso, mas ele disse que quando os hipos ficam idosos não conseguem mais passar tanto tempo dentro da água e precisam sair com mais freqüência do rio e ficar em terra firme. E, é nessa hora que o conflito acontece. Eles saem do rio destruindo as machambas mais próximas, quebrando as canoas, varas de pesca e tudo que estiver ao redor. Quando isso acontece com freqüência, um departamento, como se fosse nossa sec de meio ambiente é chamado e, muitas vezes, o animal é sacrificado.

É igual em todo lugar, né? Nós invadimos o espaço do bicho e no final ele sempre se dá mal...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Nome próprio

Essa semana conheci o Sr. Respeito.

É sério! Esse é o nome dele... Não é sacanagem.


Ou melhor, não minha...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Lixeira

Aqui, a energia elétrica é pré-paga, assim como os celulares e uma série de outros serviços ... Quem mora na área urbana paga também, em conjunto com a energia, a taxa de lixo. Caminhões estranhíssimos se encarregam de reconher, diariamente, parte da sujeira e levam para a Lixeira.

Lixeira é um local em uma parte mais alta da cidade. Lá, o que foi descartado é depositado e aos sábados é queimado!!!! O cheiro não é nada agradável. E o mais surpreendente, o fogo não se alastra mesmo com a vegetação seca ao redor. Ainda não entendi a técnica...

O que não finda no fogo, voa com o vento e vai parar nas margens da estrada...

Quem mora em locais mais afastados é senhor do seu próprio lixo. E dá a ele o mesmo destino. Bota fogo!


Esta é a Lixeira. Ao fundo está o lixo e nas margens o que voou



Songo

Este findi fomos para Songo, conhecer Cahora Bassa.

Hidrelétrica
Saímos sábado a tarde, pois como já disse anteriormente, o Paulo trabalha até 12h e a ponte está em reforma. Após um engarrafamento de uma hora sobre o Zambeze (lembra bem os da BR381...), conseguimos pegar a estrada para Songo, às 14h.

A paisagem dos 120 km até nosso destino era de muita pobreza, rios secos e muitas e muitas crianças. Fiquei impressionada como as pessoas aqui têm filhos... Acho que descobri o porque. Primeiro e óbvio, não existem anticoncepcionais e televisão nessas regiões. Segundo, não existe aposentadoria. Os pais apostam nos filhos para lhes dar uma velhice menos amarga. Então, quanto mais filhos mais chances de um futuro menos pior. Aqueles que têm um pouco mais de recursos investem na formação de seus rebentos e aguardam ansiosamente que eles tenham a sorte de um bom emprego para que possam ter o retorno do seu investimento.

O clima aqui está começando a mudar. Esquentando cada dia mais - apesar de eu já achar que não tem mais como piorar, porque tá calor, viu?!! . Acho que vamos mudar de estação. Sair do verão e entrar no inferno... (rsrsrsrsr) E fico pensando o que será dessas pessoas que vi no caminho até Cahora Bassa. Hoje elas já estão furando poços em busca de água e fazendo suas machambas no leito seco dos rios. E pelo que fiquei sabendo, só devem voltar a ver água caindo do céu no final de novembro, início de dezembro... Aqui, as pessoas morrem de fome e sede meeessssmmmooo.

A população que mora em Songo tem um pouco mais de sorte. A vila está a quase 800 metros de altitude. Não dá pra acreditam na mudança da temperatura e da vegetação. Tudo muito mais verde e pessoas com blusa de lã. Dá pra crer? Nunca esperei passar frio em Moçambique. Nem fui tão preparada pra isso...

Ficamos em um hotel de portugueses. Um lugar bem duas estrelas... Tinha uma piscina. Mas, acredito que nem num calor de 48 graus eu entraria. A cor da água era de um verde estranho, apesar de estar entupida de cloro. Juro que fiquei com receio. Ainda bem que o clima colaborou e não fez mais que 20 graus. Aproveitamos para tomar várias Laurentinas e comer muitas chamussas, curtindo um por do sol maravilhoso.


No dia seguinte, demoramos para conseguir chegar na repressa. E que lago!!!! Enorme, com vários braços.

Quando já estavamos com o barco a nossa espera (11h30), descobrimos que não veríamos os crocodilhos, pois a água já tinha subido de nível. Também estava ventando demais. Mas era tanto que fazia até onda no rio... Resultado: os hipopótamos se recusavam a sair... Só colocavam a cabeça de fora para pegar um ar e voltavam para a tranquilidade do fundo do rio...



O saldo final foi positivo. O passeio de 2h30 no barco foi muito agradável. O lago é realmente muito bonito. Vimos, em seu ambiente natural, alguns hipopótamos e descobrimos que no lodge do barco tem quartos fantásticos para hospedagem. Todos feitos em pedra. Bem charmosos. E é lá que ficaremos na próxima oportunidade.
Fotos do passeio em paulohorta.blogspot.com
Focinho do Hipo

domingo, 16 de agosto de 2009

Campanha eleitoral

Abaixo a campanha de incentivo para que a população moçambicana vote nas eleições presidenciais de outubro. Será a quarta eleição desse país recém-libertado.

Teriam nove candidatos concorrendo. Mas, hoje li uma reportagem dizendo que o Conselho Constitucional excluiu seis candidaturas. Para que os partidos apresentem seus candidatos é necessário que cada político tenha um mínino de 10 mil assinaturas de apoio válidas. E apenas três partidos conseguiram. Então, no momento, concorrem: o atual presidente Armando Emílio Guebuza, da Frelimo - Frente da Libertação de Moçambique, Afonso Dhlakama, da Renamo - Resistência Nacional Moçambicana e Daviz Simango, do MDM - Movimento Democrático de Moçambique.

Desde a libertação do país, a Frelimo é o único partido que ganhou as eleições presidenciais. E afirma que esse ano, também, o poder continuará com eles. Isso me dá um pouco de receio, pois não sei até quando o principal partido de oposição, Renamo, vai aceitar essa situação. Já que acusam seu concorrente de fraudar as eleições. Apesar dos moçambicanos se afirmarem como um povo de paz, acho que os resultados da próxima eleição podem alterar os animos. E não duvido que se inicie a discussão sobre uma nova guerra civil, a depender dos acordos que forem fechados na época. Claro, né?!!. E, pelo pouco que já vi e escutei aqui, estou certa que a Frelimo ganha novamente...




sábado, 15 de agosto de 2009

O dia em que conheci Mia Couto

Antes de vir pra cá, fui na Leitura comprar um bom estoque de livros pra trazer. Mas também queria algo de algum escritor moçambicano. Pesquisando na internet descobri Mia Couto e me interessei muito. A vendedora me informou que ele havia acabado de lançar o livro “Antes de nascer o mundo”, mais uma de suas obras que retrata o cotidiano africano. Li a resenha e adorei. Comprei.

As pessoas aqui têm muito orgulho de Mia Couto, que já recebeu vários prêmios literários. Ele nasceu em Beira (litoral moçambicano). Por ser biólogo de formação, atualmente tem uma empresa que realiza estudos de impacto ambiental e está morando em Maputo, capital do país.

Agora, imagina a minha surpresa, quando me deparo com ele no hotel onde estou (graças a aquelas fotinhas que colocam na orelha dos livros eu consegui reconhecê-lo...) !!! Ele é um dos sócios da empresa que está fazendo o estudo ambiental para a hidrelétrica.


Eu e minha timidez fomos até ele. Me apresentei e pensei:
- o que vou dizer? Ainda não li o livro... Acho melhor falar a verdade...


E foi isso que aconteceu. Contei toda a história e disse que estava ansiosa para ler o livro. Ele foi suuuppperrr simpático. Disse que tinha acabado de chegar do Brasil. Tinha ida ao Rio e SP pra lançar sua nova obra. Quis saber o que eu fazia no Brasil e quando contei, ele pediu meus contatos. Perguntou se tinha problemas me consultar quando começassem o trabalho com as comunidades aqui em Tete. Claaaaro que não, né!! É mais uma porta se abrindo.

Fiquei com vergonha de pedir o autógrafo no livro e tirar uma foto com ele. Mas, como ele contou que estará sempre por aqui, acho que não faltarão novas oportunidades...

Tô adorando isso aqui, gente!!!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Marrom?

Hoje deletei a palavra marrom do meu vocabulário.

O senhor que limpa o quarto trouxe as roupas que eu tinha mandado para a lavanderia.

Ele: está certo?
Eu: Não. Falta um par de meias marrom...
Ele: Não percebi. (quer dizer: não entendi)
Eu: Não veio o par de meias marrom...
Ele: Si, si (ele não entendeu nada)
Eu: Meias marrom...
Ele: Si, si (o que essa louca está dizendo?!!!)
Eu: De que cor é o sofá?
Ele: Castanho.
Eu: Está faltando um par de meias castanho.
Ele: Ah, deixe me ver (procurando no imenso estoque de roupas em seu carrinho). Aqui! O par de meias castanho!
Eu: Obrigada!

Experiência interessante

Hoje participei de uma audiência pública em Tete. Uma empresa pretende construir uma hidrelétrica próxima a área onde já existe a Cahora Bassa. Na área de inundação da barragem existem cerca de 1500 pessoas, que terão que ser reassentadas.

O processo de licenciamento em Moçambique é um pouco diferente do que temos no Brasil. Primeiro a empresa tem que desenvolver um estudo de pré-viabilidade ambiental, definir o termo de referência, discutir com as comunidades e municípios afetados, entregar esse material para o governo e só depois inicia o Estudo de Impacto Ambiental. Depois que o EIA fica pronto é feita uma nova audiência pública para a discussão dos impactos, programas e medidas de compensação.

Pelo que entendi, esse processo de ouvidoria não tem uma regulamentação como no Brasil. Não havia tempo previsto para fala ou apresentações e nem um mediador do órgão público. Foi seguida uma programação predeterminada e ao final deu-se a palavra ao público. E isso me impressionou, pois as pessoas só se manifestaram na sua vez. Guardaram sua ansiedade e perguntas para o final. Muito diferente do nosso país...

Agora, falta muito senso crítico ainda. Acredito que, como estamos em uma região onde questões básicas para a sobrevivência como acesso a água potável, o que comer na época de seca, saneamento, etc, ainda não foram resolvidas, a preocupação da população é outra diante de um projeto desse porte. Não tem como comparar com a realidade que estava acostumada. Mas me pareceu que a empresa que irá investir nesse projeto é bem séria e vai tratar com o determinado respeito e preocupação a questão ambiental, social e cultural. Tomara...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cahora Bassa

Estamos começando a planejar o que faremos em nosso próximo final de semana. Como já disse, não existem opções de lazer aqui. Para distrair a cabeça temos que nos aventurar pelas “maravilhosas” estradas moçambicanas.

Ainda não estamos dirigindo. Eu nem me atrevi a tentar. Um colega de empresa insistiu, mas fiquei receosa. A direção é mão inglesa e além disso, nunca dirigi caminhonete, ou carrinhas 4x4, como eles dizem...

O Paulo já deu umas voltinhas. Ligou o limpador de parabrisa ao invés de dar seta e errava a mão da marcha. Mas já tá ficando craque. Agora é só fazer com que o cérebro se acostume a olhar tudo pelo lado contrário...

Fora essas dificuldades, dirigir aqui é uma aventura e uma loucura! Tem criança pra tudo qto é lado, cabrito cruzando a pista, mulheres carregando o mundo em cima da cabeça e no meio da pista, motos, bicicletas na contramão, etc. Carro aqui é realmente uma arma. Os atropelamentos e acidentes são comuns e bem frequentes. Então, nesses primeiros dias estamos contando com uma pessoa para nos levar aos lugares. Melhor, né?!!

Bom, a intenção é irmos para Cahora Bassa, que fica na Vila de Songo, a 120 km da Cidade de Tete ou, como eles dizem por aqui, Cidád d Tét.

Cahora Bassa, que em uma das línguas locais, o nhúngue, significa "acaba o trabalho", é uma hidrelétrica. E como quase tudo aqui, está no Rio Zambeze. Ela é a quarta maior da África, em função do tamanho de seu lago. Atualmente, abastece Moçambique, Africa do Sul e o Zimbabwe.

Parece ser um lugar com temperatura mais amena e com uma paisagem bem interessante. A intenção é irmos no sábado e pernoitar por lá, se for possível. Segundo me disseram, no local podemos alugar um barco para passear pelo lago. Pelas fotos que já vi, é bem provável que iremos cruzar com hipopótamos, jacarés e outros bichinhos inofensivos... Já estou ansiosa para esse contato mais próximo com a fauna africana.

Música

Essa vai para o Rodrigo (PUC)!

Estava na recepção do hotel com meu Ipod e a senhora que nos atende quis ver aquele aparelhinho. Apesar deles terem celulares bem modernos (nunca tiveram aparelhos analógicos), acho que a cultura do Ipod ainda não chegou nessa província. Ficou encantada! Fuçou em tudo...

Ela quis saber se eu tinha músicas brasileiras. Coloquei algumas de MPB e Pop Rock. Mas ela queria um determinado ritmo romântico. E eu não estava conseguindo entender qual era. Até que, na base do lá-lá-lá, saquei o que era: música sertaneja. Claro que eu tinha! Mostrei Jorge e Mateus para ela e na hora me entregou um CD para que eu gravasse.

Agora, todo mundo da recepção tbem quer o sonzinho das nossas raízes...

Também quer, Rodrigo?!!!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Findi em Tete

Nosso primeiro final de semana em Tete foi muito bacana.

As pessoas do projeto trabalham sábado pela manhã. Como não teria a companhia do Paulo nesse período, aproveitei para conhecer um pouco mais do comércio da cidade com uma colega moçambicana, que também está trabalhando aqui.

Devido a não existência de um supermercado, temos que ir de loja em loja para garimpar os alimentos e itens de higiene que precisamos. E nessa maratona, fiquei surpresa! Descobri que aqui existe uma lojinha de conveniência em um posto de gasolina! Super moderno!!! Ao final, consegui comprar várias frutas, chocolates, biscoitos, capuccino, etc, para deixar no quarto do hotel e variar um pouco a alimentação.



No final da tarde, fomos assistir ao por do sol na Caloera. Um morro que tem um mirante e uma vista maravilhosa para a cidade e o rio Zambeze. Em fuñção da dificuldade de lazer aqui, geralmente, as pessoas vão pra lá aos sábados. Levam churrasqueiras, cervejas e fazem a festa. Como o dia estava um pouco nublado, não tivemos um por do sol maravilhoso, como no primeiro dia em Maputo. Mas, mesmo assim, foi um bom espetáculo.



No domingo pela manhã fomos a Boroma. Um lugar que fica a uns 40 minutos de Tete. Infelizmente, não havia ninguém para nos contar a história do lugar. Mas, por alto, soubemos que era uma missão católica, criada por volta de 1885. O lugar é lindo. Mas está todo deteriorado.

Não conseguimos entrar na igreja, pois estava trancada. Pelos vitrais quebrados, conseguimos ver que a pintura interna das paredes e teto é pura arte e nos pareceu ainda bem preservada. Lá, hoje, funciona uma espécie de internato. As crianças e jovens aprendem alguns ofícios e são alfabetizados.

Esse local fica às margens do Zambeze. Fomos até o rio e encontramos as mulheres tomando banho, lavando roupas e crianças brincando e se
refrescando. Elas não se importaram conosco. Estavam parcialmente nuas e descontraídas, e assim continuaram. As crianças estavam loucas para aparecer nas fotos e faziam poses.

A maioria não falava português. Então, a interação foi complicada e praticamente não aconteceu.

Os homens estavam do outro lado. Eu não pude ir lá (mulheres para um lado e homens para outro). Mas, Paulo contou que eles foram super receptivos.




Almoçamos no restaurante Why Not, em Tete. Bem aconchegante e com comida interessante (nada demais). No retorno, fomos deixar uma colega em um hotel. Na esquina vimos algumas crianças reproduzindo o Nhau, uma antiga dança, que me pareceu ter haver com rituais sagrados... Quando estiver mais familiarizada com a cultura local poderei contar com mais detalhes essas manifestações.


Mas foi um final de semana bem interessante!!!

Novas descobertas

Esses dias descobri várias coisas novas:

- Todo domingo a energia elétrica acaba. Ficamos sem luz, ar condicionado, tv, internet e tudo mais de 6h até 15h...
- A internet não funciona muito bem. A conexão cai o tempo todo.
- Café da manhã é chamado de almoço pequeno ou matar o bicho.
- Prego no pão é pão com carne.
- Machamba é plantação. A maioria das famílias da zona rural tem uma.
- Fila não existe aqui. Ninguém respeita.
- Não existe nada light. Só tem leite integral, iogurte integral (sabor morango e única marca em todos os lugares), sorvete integral e queijo só cheddar.
- A cerveja nunca está gelada, mas é muito boa.
- Meu organismo é muito bom. Já comi de tudo e até agora estou zero bala!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Fim da história do Gabriel

Não sei se todos acompanharam a repercussão do caso (e não consegui postar antes), mas acharam o corpo do Gabriel. Infelizmente, um triste fim para alguém que, com certeza, ia fazer a diferença nesse mundo.

Segue matéria do Globo:

Encontrado o corpo de economista brasileiro que desapareceu na África
Publicada em 05/08/2009 às 13h02m


RIO - Foi encontrado, na manhã desta quarta-feira, o corpo do economista brasileiro Gabriel Buchmann, que estava desaparecido no Malawi, na África. A informação foi passada ao Itamaraty, que já comunicou a família. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os parentes de Gabriel vão alugar um helicóptero para retirá-lo do local. Em seguida, o corpo será autopsiado no próprio Malawi, para que sejam descobertas as causas da morte. O Itamaraty ainda não sabe quando o corpo será trasladado para o Brasil.

Gabriel - que tinha 28 anos de idade - estava desaparecido desde o dia 17 de julho, quando começou a escalar o Monte Mulanje, no Malawi, país no Centro-Sul da África. O economista dispensou um guia local e começou a fazer a subida sozinho. A família foi oficialmente notificada do sumiço no dia 20, pela chancelaria francesa. Gabriel tem dupla cidadania.

A namorada de Gabriel e um tio dele já estavam no Malawi acompanhando as buscas, que eram realizadas por duas equipes: uma por terra e outra pelo ar. O corpo de Gabriel foi localizado pelo grupo de terra, formado por voluntários canadenses e bombeiros do Rio de Janeiro. Onze voluntários da corporação tinham embarcado para o Malawi para ajudar nas buscas.

Na casa da mãe do economista, parentes ainda não querem comentar o assunto. "Estamos digerindo a notícia, que acabamos de receber", disse um homem, ao telefone.

Gabriel viajava pelo mundo desde 31 de julho de 2008, e já tinha visitado 60 países. As viagens faziam parte de um estudo do economista, que se preparava para fazer doutorado em Economia da Pobreza na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ele tinha mestrado pela PUC-Rio e trabalhou no Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.

Um dos países mais pobres do mundo, o Malawi era a última etapa da viagem de Gabriel, que deveria voltar ao Rio de Janeiro no último dia 28. Desde que o economista desapareceu, família e amigos montaram uma rede para tentar encontrar o economista e criaram um blog na internet, para receber notícias e doações.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tete

Chegamos a Tete!


Aeroporto

Muuuuiiiittttooooo melhor do que eu esperava!!! Acho que vim tão preparada para o pior, que estou achando tudo ótimo! Lógico, falta muita coisa. Poucas lojas, poucas opções, não tem supermercados, tem apenas uma padaria (recém aberta), uma academia (nova, mas ainda não conheci), quatro restaurantes para jantar e tomar uma cervejinha, um açougue (inaugurou ontem), entre outras biboquinhas.

O tempo está muito agradável. Está ventando bastante e a temperatura tem variado entre 30 e 33 graus. Me disseram que é para aproveitar pois a partir de outubro corremos o risco de enfrentar um sol de mais de 48 graus.


Como não chove nessa época do ano, a paisagem é bem seca e tem muita poeira. É bem parecido com o vemos pelas imagens de satélite do google (postada no blog). Os rios estão bem secos e cheios de jacarés. Ainda não vi nenhum, mas já me disseram que eles fizeram a festa com umas cinco pessoas recentemente. E os locais se arriscam nadando e lavando roupas nas margens...
Vista aérea de Tete




Estamos tendo que enfrentar um terrível engarrafamento. A ponte sobre o Rio Zambeze está em obras. Ela foi contruída no período colonial e nunca havia passado por reformas estruturantes. E parece que agora não teve jeito de fugir da manuntenção... Todos os dias eles fecham um lado da ponte e ficamos na fila por uns 30 a 40 minutos. Do outro lado da ponte estão o aeroporto e Moatize (distrito), que é onde está o projeto.

Ponte - vista do hotel onde estou

Nesses dois dias já tive a oportunidade de conhecer pessoas ótimas, visitar o projeto e a área onde será o reassentamento, além de conhecer um orfanato/creche. Lá eu quero voltar mais vezes. As crianças são lindas. E, apesar de toda a dificuldade, pobreza e tudo mais, esses pequeninos estão sempre alegres, a espera de um carinho, de uma brincadeira. Quando cheguei disseram meu nome para eles e já começaram a bater palmas e a gritar: Tia Renata, Tia Renata.

Qdo olho para o lado, três crianças de castigo. Tinham brigado e batido em outras. Estavam de joelhos, com as mãozinhas em cima da cabeça e caras de anjo. Juravam que não tinham feito nada...





Estou gostando muito da experiência. Por enquanto tudo é muito novo, diferente e curioso. E espero que continue assim...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Grata surpresa

Enfim, chegamos!!!

Aterrisamos hoje, às 11h (local), em Maputo, capital de Moçambique, depois de uma longa jornada. E deu tudo certo!!! A maioria dos meus receios iniciais cairam por terra... As malas estavam dentro do peso exigido pela companhia aérea, não se extraviaram, não foram violadas, não tivemos problemas nos aeroportos nem nos vôos e não tivemos nada confiscado, já que estava trazendo a Drogaria Araújo comigo... Foi tudo perfeito! E olha, vim preparada para o pior...

Tivemos uma recepção super calorosa por parte das pessoas daqui. O povo moçambicano é realmente fantástico! Pessoas alegres, sorridentes, prontas para ajudar. Fiquei super feliz!

Com relação a cidade tive uma grata supresa. Guardadas as devidas proporções, isso aqui é uma metrópole! Fizemos um pequeno e rápido city tour (qdo voltar com mais calma e máquina fotográfica detalho um pouco o que vi). Fiquei encantada! Tem de tudo! Além disso, ganhamos dois presentes da natureza local. Um por do sol MARAVILHOSO (pena que não estava com a máquina fotográfica)! De frente para o mar!!! Poesia pura! E em seguida, a lua cheia clareando aquele marzão!!!! Melhor impossível.

E o artesanato?!! Lindo!!! Já vi que vou voltar para o Brasil com a mala cheia... Os vendedores, como na maioria dos locais do mundo, são um pouco cansativos. Insistem muito para que olhe, que compre, que olhe de novo e, mesmo quando vc diz não, obrigada, eles continuam com o faltório por mais alguns minutos.

A nossa primeira etapa de adaptação passa agora pelo relógio biológio. São 5 horas a mais que no brasil... Me movimentei muito hoje e preferi não descansar no hotel durante a tarde para tentar entrar no eixo. Estou segurando o sono para tentar dormir lá pelas 21h daqui (16h no brasil). Já que amanhã vamos para Tete cedo.

Será a segunda parte da história. As próprias pessoas daqui tem um certo receio de lá. Isso me assustou um pouco. Não sei o que vou encontrar, mas acredito que estou preparada psicologicamente...

Enfim, ADOREI Maputo!!!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Vergonha

É...

Hoje, depois de assistir ao bate boca no senado brasileiro, me senti até um pouco feliz por estar indo embora...

Quem sabe, de longe, a gente consiga fazer como boa parte dos expatriados desse mundão de meu deus, enxergar apenas as belezas de nosso país... A cara queima menos...

domingo, 2 de agosto de 2009

Contagem regressiva

Estou tão ansiosa que estou comendo tudo que vejo pela frente. Devo ter engordado uns 5 quilos só neste final de semana... Mas estou com crédito. Conversei com várias pessoas que estão ou moraram lá e todas me disseram que a infecção intestinal é inevitável. E dura alguns meses... Até sua flora intestinal acostumar com as novas bactérias. Dessa forma, vai tudo embora de novo qdo chegar lá.

Me informaram tbem que a comida é bem parecida com a brasileira: frutas, frango, verduras, arroz. Acho que nesse quesito a adaptação será tranquila (tomara!). Minha maior preocupação é com a higienização dos alimentos. Principalmente as verduras, que é o que mais como... Uma pessoa que está lá me contou que viu um repolho sendo cortado no chão da cozinha de um hotel ou restaurante, não me lembro...

Espero não ficar paranóica com isso. Ainda mais que ficarei morando em hotel por algum tempo e não terei domínio sobre a minha comida. Vou ter fé e acreditar que as vacinas que tomei estarão me protegendo e tomar o mínimo de cuidado.

Outra preocupação: as malas!! Estamos levando seis, três pra cada. E cada uma só pode ter um máximo de 32 quilos. Parece muito mas não é. Ainda mais qdo a viagem não é turismo. É mudança... Ainda pior quando você não conhece o local, os costumes, etc.

Já disseram que corremos o risco das malas não chegarem no mesmo dia que a gente. Pra mim, se não estraviar ou sumir será a glória! Outra coisa, se elas chegarem ou quando chegarem não poderão embarcar com a gente para Tete. Não cabem no avião que vamos. Nossa bagagem ficará em Maputo e será expedida depois pela empresa. Fiz uma malinha menor com tudo que eu possa precisar por uma semana, já que os vôos para Tete não são diários.

Mas é isso ai... TIA - This is Africa!