sexta-feira, 31 de julho de 2009

Antecipando Tete

Muitos estão confusos sobre a localização de Tete, cidade na qual vou morar. É uma dúvida comum, pois não estamos muito acostumados a estudar sobre a Africa.

Nós, brasileiros, ficamos chateados quando estrangeiros dizem que a capital do nosso país é Buenos Aires. Mas cometemos o mesmo erro com relação a locais com os quais não estamos familiarizados. Vários amigos não sabiam que Moçambique era um país...

É um país... E faz fronteira com Africa do Sul, Zimbabwe, Malawi, Tanzania, Zambia e Swaziland. Sua capital é Maputo. Fica no sul. Perto da Africa do Sul.

No mapa abaixo, é possível ver a localização de Maputo e Tete, esta última mais a noroeste do país.


Tete é uma província (como se fosse um estado no Brasil). A mais quente do país (chega a 46 graus)! Sua capital também é chamada Tete, fica na região sul e a maior cidade dessa província, com aproximadamente 150 mil habitantes. A cidade é cortada pelo rio Zambeze.

Estarei a mais de 1500 km da capital. No interior messsmmmoooo...


Lá é mais ou menos assim...


No mais, o que contar neste momento serão impressões de terceiros. O melhor agora é segurar a ansiedade e aguardar para vivenciar uma nova cultura, uma nova paisagem, uma nova vida!!!


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Causa nobre

Bom, prometi estrear este blog apenas qdo chegasse em Moçambique. Mas, diante desse assunto que envolve tanto um brasileiro quanto o continente que estarei habitando nos próximos anos, decidi iniciar com esse post.

Ainda estou em BH, ansiosa, na correria para estar com tudo pronto até segunda. Mas diante do que aconteceu com o carioca Gabriel, acho que minha ansiedade, dúvidas e tudo o mais que estou sentido fica bem irrisório.

Quem puder ajudar de alguma forma...

Boa sorte, Gabriel!

Abaixo, a mensagem que resume o acontecido.

“Essa é a história de Gabriel Buchmann. Gabriel é um economista brasileiro de 28 anos que está perdido desde sexta da semana passada no Monte Mulanje, no país Centro-Africano do Malawi, um dos países mais pobres do mundo. Precisamos de ajuda para manter o assunto na mídia e garantir a continuidade do apoio governamental. Explicamos como no final do e-mail.

Ao longo do último ano, Gabriel Buchmann viajou por dezenas de países na Ásia, Oriente Médio e África. Sempre com poucos recursos, a base de carona e com a ajuda de pessoas locais. Sua intenção era conhecer o mundo, suas belezas, suas dores, seus erros, a pobreza, a injustiça dos homens contra a natureza e contra seus semelhantes.Gabriel é um economista brilhante. No vestibular, foi primeiro lugar geral na PUC-Rio.

Na faculdade, fez duas graduações: em Economia e Relações Internacionais. Ao longo da faculdade ganhou duas bolsas para estudar na Europa, na Science-Po francesa e depois na Universidade de Madri. Voltou ao Brasil para completar sua monografia, em reforma agrária. Depois, iniciou o mestrado na própria PUC-Rio, defendendo a dissertação sobre a interação entre educação, fertilidade, e o sistema político do país.

Ao terminar o mestrado, ingressou no centro de políticas sociais da FGV onde trabalhou na avaliação de diversos programas do governo. Essa seria sua preparação para o seu doutorado em economia da pobreza, na Universidade da Califórnia.Antes do doutorado, Gabriel falou que precisava entender a pobreza mais de perto, e essa foi uma das suas razões para sua viagem à Ásia, Oriente Médio e África. Não que ele não a conhecesse. Ainda na faculdade, embarcou num avião do correio aéreo nacional para a Amazônia, onde subiu o pico da neblina e conviveu nas comunidades pobres locais.Abandonou o verão do seu Rio de Janeiro para passar meses em cidades do sertão nordestino, onde fazia questão de ir às cidades mais pobres e se hospedar na casa das pessoas humildes da região. O seu interesse era a vida deles, os problemas deles.Para Gabriel, a estrada é conhecer e viver. Esse é o e-mail que ele escreveu para a mãe dele no dia primeiro de junho (veja mais no blog):


“Caríssimas mamãe, namorada e João, meus grandes parceiros de mochilagem desta fantástica trip,e querida irmãzinha,depois de mais de uma semana mergulhado de cabeça no coração da África, encontrei este cyber café aqui em Jinja, interior de Uganda e em frente à foz do rio Nilo...

e vos escrevo pra dizer que estou maravilhosamente bem...

meus dias aqui na África estão sendo absolutamente fantásticos ! ! !...

depois de passar uns dias na casa de um refugiado congolês nos subúrbios pobres de Nairóbi, fui parar nem sei direito como na remota tribo dos massais no kenya, onde passei dias correndo atrás de girafas, zebras e antílopes, com lanças e espadas e vivendo a vida tribal dos caras, dormindo em ocas, etc....

e entre outras aventuras pelo kenya, terminei em grande estilo, fazendo um safári de bike com um amigo meu massai num parque nacional lindíssimo...tô muito roots, andando há uma semana enrolado em cangas coloridas e carregando um cajado e uma espada de aço...e só sei que desde que cheguei na África, não vi NENHUM muzumgo (white man) além de mim...

ah, e hoje no meio de tudo coloquei uma criança na escola...É uma longa estória, mas, resumidamente, depois de passar o dia passeando por um vilarejo aqui de Uganda com um menino que, entre outras coisas me apresentou a sua família paupérrima, e de por acaso visitar uma escola publica e falar com o diretor, acabei que paguei pela matriculas, mensalidades e todas as despesas do menino ate o fim do ano, e me comprometi a, se ele me mandar o boletim dele, continuar pagando pelos próximos anos...

mas o melhor de tudo é que aqui na África to conseguindo por em pratica a viagem que sempre idealizei...hoje ficarei em hostel pela segunda vez desde que pisei no continente, todos os outros dias dormi e comi na casa de locais, gastando uns 2-3 dólares por dia, o que me permitiu a cada dia distribuir meu daily budget entre as pessoas que me hospedaram, alimentaram, etc...


to muito feliz com isso, de conseguir estar vivendo grandes aventuras e realizando uma viagem de profunda imersão no continente africano, absolutamente não turística, e de forma totalmente sustentável, transferindo 80% dos meus gastos pra africanos pobres...e aqui com quase nada vc faz uma substancial diferença na vida das pessoas...esse amigo meu congolês, por exemplo, com 12 dólares paguei o aluguel mensal da casa da família dele, esse menino com 40 dólares garanti um ano escolar pra ele numa escola super legal, hoje dei 2 dólares pra uma mulher que me convidou pra conhecer a casa dela e ela se ajoelhou e quase chorou...

podia escrever horas sobre essa minha primeira semana aqui na áfrica, to realmente muito contente por tudo aqui estar superando minhas melhores expectativas...mas to escrevendo mesmo pra dar um sinal de vida, pois essa noite passei fazendo 4 baldeações pra atravessar do kenia pra Uganda durante a madrugada e andei o dia inteiro visitando dezenas de casas de agricultores, missões, escolas, etc., numa vila aleatória aqui no interior de Uganda...

tenho encontrado pessoas incríveis e fascinantes a cada dia que me apresentam a outras e de conexão em conexão vou penetrando aos poucos na alma da África...tenho arranjado contatos incríveis e, semana que vem, depois de prestar minhas homenagens às vitimas do genocídio de Ruanda e de sei-la-o-que-me-espera no Burundi, vou visitar um garimpo de diamantes e os pigmeus nas selvas do congo com o irmão de um amigo, um campo de refugiados na Tanzânia onde mora o tio de outro amigo que fiz aqui, tentar arrumar uma forma afordable de subir o kilimanjaro e então espero minha linda cris chegar em Dar Es Salaam pra mais uma lua-de-mel em grande estilo...t

a bom, um parágrafo sobre os dois melhores amigos que fiz no Kenya...

Alex Alembe. Tava no ultimo ano de engenharia em Uvira, sua cidade no Congo. Certa noite uma milícia invadiu sua casa. Mataram sua mãe e sua irmã mais nova, mas ele conseguiu fugir pela janela. Foi parar num campo de refugiados na Tanzânia, onde ficou por 4 anos, se casou com uma tanzaniana e teve 3 filhos. Se mudou pra um subúrbio de Nairóbi e passou os últimos anos trazendo ouro e diamantes de garimpos no Congo e revendo em outros países da East Africa. Conseguiu construir uma casa confortável, e nela alojar sua família e vários órfãos. Voltando de uma de suas viagens, assaltaram o ônibus onde estava e levaram suas maletas com tudo seu, dinheiro, diamantes e passaporte. Perdeu tudo.

Se mudou com toda a família pra um casebre de 12m2. Mesmo assim, continua levando a cabo 3 projetos sociais, dando café da manha pra 20 crianças, amparando viúvas de vitimas de Aids e organizando um futebol todas as tardes. Ta juntando tudo o que pode pra se candidatar pra deputado provincial no congo nas próximas eleições.TIA. This is Africa.

Leonard. Massai cuja mãe me hospedou em sua casa em Iwatso Ogindong. Tava no ultimo ano de administração na universidade de Nairóbi. Depois de 3 anos de seca na terra dos massais, teve que largar a faculdade pra levar o gado que sobrou de sua família pra melhores pastagens. Andou 8 dias por 500 km levando 100 cabeças atravessando cidades, inclusive passando pelo aeroporto de Nairóbi. Luta pra preservação da cultura massai e sonha em casar com uma americana, de preferência gorda. Me batizou com um nome massai, Lemaya. Seu irmão, Brain, tem 20 anos e é respeitado na tribo. Aos 14 matou um leão e assim atingiu a maturidade. Aos 15 se casou com uma menina de 12 e outra de 13, que seus pais escolheram. Me deu sua espada de presente.TIA. This is Africa.

Fui.Mamãe, desculpa não te ligar ha tanto tempo, farei o máximo pra fazê-lo amanha de Kampala, capital do pais...

Cris, te escrevo em seguida...

Johnny, boa Rússia pra ti, irmão!Russia Haracho!Russia Kracivaia!beijos,Gabriel”

Malawi era o último país que ele iria visitar. Dia 28, estaria (está!) com viagem marcada de volta ao Rio. Gabriel já está desaparecido há uma semana, mas em 1994 um Malawiano passou 3 semanas sozinho no monte, sendo encontrado numa trilha após ter desmaiado de fome.Houve ainda outros casos de resgate.

NOS AJUDE A MANTER A CHAMA ACESA! COMO AJUDAR:

É preciso manter o assunto na mídia!Para isso, use sua imaginação e esteja livre para ajudar da forma como achar melhor. Aqui vão algumas sugestões:

a) Dê forward desse e-mail para o maior número de pessoas que puder. Essa é uma corrente do bem.
b) Mande e-mails para jornalistas e bloggers. Temos que divulgar na imprensa e nos meios digitais. Em vários jornais, colunistas colocam seu e-mail ao final da coluna, peçam para eles para falar do assunto!
c) Coloquem o link em seu twitter, facebook, MSN. Nosso Twitter é ajudegabriel.
d) Comentem as notícias que aparecem na mídia! É fácil achar na uol, no globo.com, em vários portais.RECEBA UPDATES DA SITUAÇÃO DE GABRIEL: Mande um e-mail para ajudegb@hotmail.com".