sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

É de partir o coração

Tem horas que a gente não sabe o que fazer, né?

Tete é uma cidade na qual no centro, ou melhor, na porta de todo e qualquer estabelecimento comercial, tem pelo menos um punhado de meninos pedindo pra te ajudar com as sacolas ou pedindo algum trocado, dizendo que tem fome.

Acontece que, dentro das lojas, eles têm meninos ou senhores que fazem esse papel também. Acredito que ganhando um salário de fome...

O que me aconteceu hoje foi o seguinte: achei uma bottle shop com preços ótimos e fui lá buscar seis caixas de cerveja. Aproveitei pra combinar com o senhor que trabalhava no local de colocar as caixas no carro em que estava. Quando ele começou a tarefa vieram dois meninos perguntando porque não os chamei.
Expliquei que já havia alguém fazendo o trabalho. Os meninos inconformados não aceitaram a respostae foram atrás do senhor para ajudar e dividir a gorjeta. Tentativa frustrada... O senhor bateu o pé e falou que só ele pegaria as caixas.

Cada um defendendo o seu...

Os meninos me olharam com uma cara de piedade e disseram:

- Mãe (é assim que eles nos chamam), ele já tem emprego e nós não...

Fiquei arrasada! E pensando que daqui a pouco isso vira paisagem. Como acontece com maioria das pessoas que moram por aqui...

2 comentários:

Alexandre Correia disse...

Olá Renata,

Como a compreendo... Mas, infelizmente, se em breve não começar a abstrair-se destas situações, arrisca-se a tornar-se mesmo Mãe dessa garotada toda e a sua contribuição nunca será suficiente para mudar absolutamente nada. Eu entendo, e acho muito bem, que a Renata está disposta a ser interventia e a ajudar. Porque não ensinar alguns miúdos? Eu sentir-me-ia orgulhoso se o fizesse e mais tarde visse que isso tinha permitido melhorar a vida de alguns deles, que cresciam melhor preparados...

Beijo,

Alexandre Correia

Renata disse...

Ai, Alexandre... Quem me dera ensinar algo pra essa garotada... Nessas horas que queria ter uma profissão menos técnica... Ou saber algo que pudesse ser aproveitado... Mas nada...

Com relação a contribuição financeira, eu mesma cheguei a argumentar: se eu continuar dando gorjeta a cada um que me pede vou falir sem resolver a vida de ninguém... Sabe o que o menino me respondeu: não precisa resolver a vida de ninguém, se ajudar alguém a comer por um dia já valeu (não com essas palavras, mas foi isso)... É duro...

Mas, quero achar uma forma mais estruturante de ajudar... Valeu pela força!!!

E olha que no Brasil estava acostumada com esse tipo de abordagem. A única diferença é que lá a miséria não tinha essa proporção... Mesmo nos lugares mais pobres que conheci...